Dezembro vermelho: uma campanha de conscientização e prevenção do HIV e da aids

Texto por Laura G. Do Valle – Acadêmica de Jornalismo no Centro universitário FAG em Cascavel – PR

Dia 1º de dezembro é o dia mundial de combate à Aids, servindo de conscientização sobre a doença e o vírus do HIV, iniciando o “mês vermelho’

De acordo com um estudo da universidade de Oxford, entre 1884 e 1994, onde hoje fica Kinshasa na República Democrática do Congo, antigas tribos tinham por cultura caçar chimpanzés para usar na alimentação, após alguns anos foi descoberto que esses animais carregavam o vírus da imunodeficiência símia (SIV), e que era totalmente controlado pelo sistema imunológico da espécie, mas, para o ser humano seria um perigo, acredita-se que durante à caça o ser humano tenha entrado em contato com o sangue do animal, através de feridas nas mãos; o vírus ficou circulando entre os humanos durante décadas, sofrendo mutações e adaptações para o sistema imunológico humano fazendo com que o vírus SIV se transformasse no atual vírus do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).

A importância da campanha Dezembro Vermelho:

Dezembro vermelho é uma campanha de conscientização instituída por lei e que se apoia em 3 fundamentos: prevenção, assistência a pessoas infectadas e garantia de direitos humanos de pessoas que vivem com HIV. “Também é muito importante para disseminar informações corretas e assim diminuir o estigma e preconceito” afirma a Dra. Claudia Mello, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas – São Paulo e doutora em doenças infecciosas pela USP.

Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil temos por volta de 920 mil pessoas vivendo com HIV. Destes, 89% foram diagnosticados e 77% fazem tratamento com antirretroviral (Os medicamentos antirretrovirais surgiram para impedir a multiplicação do vírus no organismo). Em relação ao sexo, a infecção é mais frequente em homens (69,4%), do que em mulheres (30,6%), Já em relação à faixa etária, o grupo mais afetado pela doença é o de pessoas que possuem entre 20 e 34 anos, representando 52,7% dos casos.

Sobre a transmissão, a doutora Claudia Mello cita: “A transmissão do HIV pode se dar das seguintes formas: contato com sangue contaminado (compartilhamento de agulhas, transfusão de sangue e hemoderivados, acidente com material biológico); via sexual (sexo oral, vaginal, anal) e transmissão vertical (gravidez, parto, amamentação). Cabe lembrar aqui que em gestações planejadas com cuidados adequados o risco de transmissão vertical é reduzido a menos de 2%.

A infectologista assegura que o tratamento feito com antirretrovirais é totalmente gratuito pelo sistema único de saúde (SUS). “Aqui no Brasil os medicamentos são fornecidos pelo SUS, tanto para pacientes que acompanham no público quanto no privado”, garante a médica.

Ainda sobre o tratamento a doutora Claudia informa que é bem tolerado e muito eficaz, capaz de controlar a infecção pelo HIV, evitar a aids e prevenir a transmissão: “As pessoas vivendo com HIV, em uso dos medicamentos antirretrovirais e com boa resposta, avaliada através de resultados de carga viral indetectável por pelo menos 6 meses, não são capazes de transmitir o HIV por via sexual”, afirma a infectologista.

Formas de Prevenção:

Uso correto de preservativos (disponíveis gratuitamente no SUS); não compartilhamento de seringas ou outros objetos cortantes/perfurantes; e manter vacinas do HPV e Hepatites em dia, são algumas das medidas que fazem parte da mandala de prevenção combinada.

Também são formas de prevenção muito eficazes a profilaxia pós exposição (PEP) e a profilaxia pré-exposição (PrEP).

Um relato

De acordo com João (nome fictício): “O diagnóstico e o processo do diagnóstico foram a parte mais difícil para mim, pois o pouco conhecimento que tinha era cheio de estigmas e preconceitos, e no início, eu me sentia sujo, culpado, e achava que minha vida tinha acabado ali”.

João conta também, que, ao informar seu círculo familiar sobre o diagnóstico, foi um choque, pois eles também não sabiam ao certo do que se tratava, e que apesar do susto, recebeu muito apoio dos amigos e família e hoje a maior dificuldade é lidar com o preconceito vindo de fora.

A mãe de João, diz que quando recebeu a notícia chorou, brigou e não sabia o que fazer, mas que com o passar do tempo e depois de muita busca por conhecimento, entendeu que qualquer um está suscetível a isso e que é uma doença igual a qualquer outra.

“Depois de um tempo entendi que meu filho precisava do meu apoio mais que tudo na vida, pois sabia que o preconceito já viria das pessoas de fora, eu precisava ser a mãe dele naquele momento e nos outros que estariam por vir, também entendi que iniciando o tratamento ele iria ter uma vida normal como qualquer outra pessoa”, afirma a mãe.

Diferença entre HIV e AIDS

A doutora Claudia Mello explica que HIV é a sigla que identifica o vírus da imunodeficiência humana. A infecção pelo HIV pode ocasionar a aids ou síndrome da imunodeficiência adquirida.

A aids é uma doença que ataca o sistema imunológico, responsável pela defesa do corpo humano. Um dos objetivos do tratamento do HIV é fazer com que as pessoas não desenvolvam a doença, ou seja, a aids.

Ou seja, HIV e AIDS são conceitos diferentes. Uma pessoa pode estar infectada pelo vírus do HIV (ter o vírus no organismo), mas isto não quer dizer necessariamente que tenha aids (os sintomas e doenças que podem ser causados por esse vírus quando não tratado).

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